A violência doméstica é aquela que ocorre dentro do lar, praticada pelas pessoas que o habitam, independentemente dos laços consanguíneos. A violência intrafamiliar é aquela que ocorre entre os membros da família, independentemente de morarem ou não na mesma casa. Ambas podem ser consideradas um problema de Saúde Pública, tratando-se de uma agressão em geral velada, não facilmente identificada pelos educadores, médicos, membros da equipe de saúde e outras pessoas que convivem e/ou atendem a pessoa agredida, seja ela criança, adolescente, adulto, idoso.
A violência é um estressor, devendo-se sempre considerar a forma de ocorrência, a idade da vítima, a duração da agressão no tempo, as sequelas físicas e psicológicas, a estrutura psicológica pregressa da vítima, o modo de enfrentamento encontrado, a forma como a família e o ambiente lidaram e lidam com o ocorrido.
Frequentemente é mantida pelo pacto de silêncio, seja em função das ameaças provindas do agressor (que em geral é o provedor financeiro), seja em função da própria vítima que muitas vezes por vergonha, culpa, medo, acaba por silenciar a agressão, receando a repercussão que sua denuncia poderá alcançar no âmbito familiar, social e profissional. Os casos que chegam ao conhecimento dos profissionais interessados são aqueles que necessitam de atendimento médico devido à gravidade do trauma.
A violência doméstica e a intrafamiliar ocorrem por motivos diversos, por vezes fúteis e aleatórios, com frequência e gravidade variadas, denunciando um funcionamento familiar disfuncional, com variados níveis de psicopatologia e sofrimento mental de todos.
Expressa também uma postura disciplinadora perversa e cruel, que visualiza o outro como um objeto que precisa assumir uma atitude subserviente, seja ele um filho, uma companheira, uma mãe, um pai. Esse padrão de relacionamento acaba criando um ciclo vicioso, no qual o agredido reproduzirá sua agressividade em seus pares, animais etc.
As consequências da violência praticada podem afetar muitos aspectos da vida, com implicações psicológicas, físicas, comportamentais, acadêmicas, laborais, sexuais, interpessoais, estimulando a ocorrência de violência subsequente.
Rita Romaro
03/04/2008
Referência bibliográfica:
ROMARO, R.A. TANAKA, K.R. Indicadores de violência e maus-tratos.
In: ROMARO; CAPITÃO. As Faces da Violência: aproximações, pesquisas e reflexões. São Paulo: Editora Vetor, 2007.
